quinta-feira, 4 de março de 2010

NO MEIO DO CAMINHO... Casa Aibi

No Meio do Caminho... e fragmentos Rampo






Projeto inspirado no MAKE IT NEW, traduzido por Erza Pound.
Pound concebeu uma arte da tradução, onde esta colocada em pé de igualdade com a criação. Renovar... dia a dia , sol a sol, reinventemos pois.
No meio do caminho... homenageia os poetas Bashô , Drummond, Trakl, Rimbaud, Poe, Dante e Beckett, através de suportes e mídias distintas. Num processo ativo o público realiza um percurso arquitetônico para encontrar os poetas e os poemas recriados.
Realizado na Casa Aibi, o percurso No meio do caminho... inicia-se com um corredor de esculturas, que dá passagem ao interior da casa. Ao entrar, poemas em movimento. Uma sala exibe os vídeos-poemas Lírio Dourado e Deslocamentos; seguidos de poemas interativos oratório e TRAKLTAKT. Do alto a caixa sonora apresenta Dante, Pound e Drummond (A máquina do Mundo) em música, récita e canto. Uma pausa no Jardim de Poemas, intalação inspirada em hai-kais. O percurso continua quando surge a Vênus de Rimbuad. Mais abaixo, Star Trakl- Trakl em leituras e action painting. E eis que surge Ningen Isu(HP) de Rampo.
Final do percurso, a céu aberto, Bashô e Leminsk em Pipopoemas.


Vênus de Rimbaud- Performance baseada no poema "Vênus Andiomene "de Arthur Rimbaud.

Fotos: Alexandre D'Angeli

O trabalho desenvolve-se a partir da relação entre o sublime e o grotesco, trás de forma delicada e ao mesmo tempo agonizante das mutaçãoes do corpo nas deformações da vênus criada por Rimbaud.
Durante o percurso que o conduz ao inferno, o espectador é surpreendido por uma porta que possibilita o acesso ao limbo, mas a passagem só pode ser feita através dos sentidos; é justamente nesta passagem que habita a Vênus, um lugar intermediário encoberto por uma fina película, um véu, que cria uma espécie de fronteira ilusória entre o mundo da Vênus e o corredor onde as pessoas estão posicionadas.
A relação se estabelece, ouve -se falas desarticuladas e incompreensíveis, ela esta ali, e seu corpo contorce-se em um dança agonizante. Seu próprio rosto é revelado diante do espectador em forma de pintura.







Tradução:Ivo Barroso

Vênus Anadiomene



Qual de um verde caixão de zinco, uma cabeça

Morena de mulher, cabelos emplastados,

Surge de uma banheira antiga, vaga e avessa,

Com déficits que estão a custo retocados.









Brota após grossa e gorda a nuca, as omoplatas

Anchas; o dorso curto ora sobe ora desce;

Depois a redondez do lombo é que aparece;

A banha sob a carne espraia em placas chatas;








A espinha é um tanto rósea, e o todo tem um ar

Horrendo estranhamente; há, no mais, que notar

Pormenores que são de examinar-se à lupa...











Nas nádegas gravou dois nomes: Clara Vênus;-

- E o corpo inteiro agita e estende a ampla garupa

Com a bela hediondez de uma úlcera no ânus.





Ficha Técnica:

Concepção e coordenação geral: Alice K. e Domenico Coiro
Oratório e TRAKTALKT : André valias
Deslocamentos e Lírio Dourado: Rodrigo de Araújo e Domenico Coiro
Nigen Isu – Rampo Pow, Poe: Alice K
Jardim de Poemas: Ângela Maino
Vênus de Rimbaud: Lilian Soarez
Trakl: André Valias e André Albuquerque
Caixa sonora: Domenico Coiro, Thiago Pinheiro
Trilha Sonora: Domenico Cioro
Design Gráfico: Mônica Leite
Iluminação: Silvia Godoy
Promoção: Japan Foudation


Abertura: 26 de fevereiro de 2005
Casa Aibi- Rua Aibi, 110












































































































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